sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Morte ao Futebol Moderno

*Por Guilherme Fernandes

O título é autoexplicativo. Direto, sucinto. Aos poucos, o futebol, trazido às terras tupiniquins por Charles Miller e inicialmente um esporte ligado à elite, vai retomando suas origens e voltando aos braços da mesma. O que vemos hoje nas divisões principais é um futebol que é a cara do menino de condomínio que passou a infância empinando pipa no ventilador, escovando os dentes com Tandy e tomando banho com Johnson’s Baby (que não arde o olhinho).

Ontem, ao ver um vídeo postado na excelente página Cenas Lamentáveis do Facebook, no qual falam sobre o processo de gourmétização de nosso futebol, comecei uma reflexão sobre o assunto, o que me levou a fazer algo que eu não fazia há um bom tempo: parei pra assistir a uma partida da seleção brasileira (vitória justa do Chile por 2x0). Tudo isso me levou a escrever o presente textão:



A degradação a passos largos do futebol tupiniquim é uma problemática que passa por diversos fatores: empresários, cartolas, nossa nojenta imprensa esportiva - cujo processo de decadência teve início com o ridículo Tiago Leifert, que largou o ramo do esporte mas continua dando o ar da desgraça na narração do FIFA, juntamente com seu fiel puxa-saco Caio Ribeiro, medíocre como comentarista assim como foi medíocre como jogador - e, claro, a própria torcida!

Mas do torcedor atual, vou deixar para falar depois. Primeiro, falemos do futebol dentro das quatro linhas:


Tiago Leifert e Caio Ribeiro, não necessariamente nessa ordem


A tal seleção reflete bem isso: claramente escalada por empresários, com conivência da Confereração. Qual outra explicação para a escalação de bagres como Daniel Alves, David Luiz, Oscar, William, Douglas Costa, HULK? E aquele Luiz Gustavo? Ele é a personificação do 7 a 1. O Dunga não é burro, e jogou exatamente nessa posição de cabeça-de-área, foi um “cincão” brucutu clássico, que chegava junto do adversário. Um bom primeiro volante, que imponha respeito, é fundamental para que uma defesa funcione. Não é possível que o técnico confie  em uma pereba feito esse Luiz Gustavo para essa função. E com certeza ele sabe também que Gil, Renato Augusto, Lucas Lima e tantos outros são muito melhores que essas tranqueiras que não saem da seleção.

Com Felipe Melo, detonado pela maldita imprensa esportiva por causa de UM lance infeliz na Copa do Mundo de 2010, a seleção JAMAIS levaria 7 gols numa única partida. Jamais.




Mas enfim. Só usei a seleção como exemplo pra ilustrar a atual situação do nosso futebol. Eu definitivamente não me importo com a seleção brasileira desde a derrota para a França do Zidane em 1998. Mas essa Geração Sete a Um está diretamente ligada a outro problema muito sério: as tais Arenas.

Como alguns já sabem, sou Corintiano. Meu time é um dos que agora jogam em um estádio moderno, e tem um retrospecto incrível jogando em sua Arena. Restrospecto semelhante ao que tinha jogando na querida Fazendinha, que poderia perfeitamente ser ampliada para receber a Fiel Torcida.
Adorava ir ao Pacaembu. Comprar latão de Skol na fila, comer espetinho, sentar na arquibancada de concreto... Tenho saudade até de ficar de três a quatro horas na fila da bilheteria, ou de ficar na arquibancada descoberta enfrentando chuvas tão violentas que mal me permitiam enxergar o campo. Sinto falta também da barbárie poética que era ver um cambista safado tomar uma surra de torcedores exaltados e ser jogado de cima do morro que cerca a entrada do estádio.

Hoje tenho que acompanhar tudo pela televisão. Com ingressos que passam dos 100 reais, e uma torcida que assiste SENTADA às pelejas (e só falta agredir quem se levanta da cadeira numerada), me resta ficar no sofá e lamentar quando as câmeras apontam para a torcida e vemos que não há um só desdentado, não há um único senhor de idade com seu radinho de pilha nos ouvidos.



Eu definitivamente não pretendo procriar. Mas fico triste de pensar que, se eu tivesse essa vontade, minha filha ou meu filho não passariam pelo aperto de ter que acampar na bilheteria do Bruno Daniel para comprar um ingresso de papel e guardá-lo depois da partida. Não sentiriam o cheiro do cigarrinho do capeta em meio às arquibancadas de concreto, nem comprariam 3 cervejas por R$ 10 na fila, ou um espetinho de gato.

Acredito que em breve a última rodada do Brasileirão vai ser como o Superbowl, com show da Beyoncé no intervalo e tudo mais. A mim, restarão apenas as lembranças de ver meu time ser campeão da América do alto daquele tobogã abarrotado. Assistir esporadicamente a partidas de times de menor expressão no interior do SP, ou no Nordeste - últimos redutos morais do futebol brasileiro.

Enquanto, claro, sinto desgosto e vejo o futebol morrer um pouco mais cada vez que vejo alguma criança desfilando com camisas do Paris Saint-Germain e do Manchester City...

Que coisa deprimente


Por Guilherme Fernandes, corintiano, maloqueiro e sofredor.
_"Meu Chelsea" é o caralho! Vai se foder, Tiago Leifert.


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